TRÊS ROSAS

por Daisy Prudente, sábado, 25 de junho de 2011 às 10:27

SE ALGUÉM ME PERGUNTASSE

  A QUE TEMPO DA SUA VIDA
  UM DIA VOCÊ VOLTARIA?
  JURO QUE A ESSA PERGUNTA
  SEM PERDER TEMPO, EU DIRIA:
  COM CERTEZA EU VOLTARIA
  AO TEMPO EM QUE MINHA ALEGRIA
  ERA JUNTO À MINHA FAMÍLIA.
  NA ADOLESCÊNCIA , A EUFORIA
  COM MINHAS IRMÃS ME DIVERTIA
  AS TRÊS, EM PLENA FOLIA,
  O TARDAR DA HORA NEM VIA
  ENQUANTO A GENTE ESCREVIA
  PRA RÁDIO QUE A GENTE OUVIA,
  CARTAS DE AMOR E POESIA.

   ERA INOCENTE A NOSSA ALEGRIA.
   COMO A GENTE SE DIVERTIA!
    RABISCANDO A FANTASIA
    E, SEM PARAR TANTO RIA,
    PORQUE NA RÁDIO, SABIA, 
    QUE O LOCUTOR A LERIA
    COM VOZ DE MELANCOLIA
    FAZENDO O OUVINTE CHORAR
    AO PENSAR, A AGONIA
    DE QUEM  A CARTA,  ESCREVIA.

   FINGIA NAS CARTAS DE AMOR
   TER SOFRIDO DISSABOR
   ABANDONADA POR UM AMOR,
   ALIMENTAVA IMENSA DOR,
   SEM NUNCA POR ISSO PASSAR.
   NUM TRISTE FUNDO MUSICAL
   O LOCUTOR DESFIAVA O MAL 
   QUE O MAU DO AMOR PODE CAUSAR.
   ELE NEM IMAGINAVA
   QUE EM NOSSO QUARTO A GENTE FICAVA
   RINDO MUITO, ÀS GARGALHADAS,
  COISA DIFÍCIL DE ACREDITAR.

  NOSSA MÃE NO QUARTO AO LADO
  O TEMPO TODO RECLAMAVA
  COM NOSSO PAI SUSSURRAVA
  E A PAREDE SOCAVA,
  SÓ QUERIA DESCANSAR.
  E NÓS TRÊS COM NOSSOS RISOS,
  ELE DIZIA: " É FALTA DE SISO,
  ELAS PRECISAM APANHAR!"
  COM ISSO MAIS A GENTE RIA.
  NEM SABIA QUE A POESIA
  NAQUELE QUARTO RESIDIA
  E, NEM MESMO QUE UM DIA, 
  ALGUÉM SE RECORDARIA.
  COM SAUDADES, CHORARIA
  EM MEIO À MELANCOLIA
  UM DIA ESCREVERIA
  LEMBRANÇAS DAQUELE LAR.